Destacamos um lindo artigo do renomado Psicoterapeuta Infantil Luiz Schettini Filho a respeito do afeto e demonstração de afeto tão importante na relação existente entre pais e filhos. Ame, demonstre!
“O que somos
torna-se mais importante do que o que fazemos, sobretudo no âmbito das relações
interpessoais. Quando falamos do relacionamento entre pais e filhos, estamos
falando, fundamentalmente, do ser; o fazer será uma conseqüência. Isso explica
a frustração de alguns pais que se esmeram no fazer, mas esquecem de ser para
seus filhos. Para os filhos o fazer, embora seja necessário, decresce de
importância diante da expressão do ser,
até porque o nosso “fazer” só terá consistência
se for percebido e sentido como uma resultante natural do que somos.
Por essa
razão, é preciso que os filhos vejam em nós o que queremos ver neles. Sem essa
constatação eles terão uma dificuldade a mais para incorporar a seus
comportamentos aquilo que lhes ensinamos. Mais do que explicações, eles
precisam de exemplificação. O que dizemos a eles precisa estar revestido da
autoridade de quem se comporta da forma como sugere que façam.
A relação de
afeto estabelece o ambiente no qual se processa o desenvolvimento em todas suas
frentes. E esse amor começa quando começamos a mostrar a nossa alma para eles.
É por isso, que a ligação entre duas pessoas não se dá pela fusão, mas pela
relação. Na relação de amor com o filho, não basta que ele tenha certeza e
segurança de que o amamos. Mais do que isso, será necessário manifestar o amor
que temos por eles. Para o outro, amor que não se manifesta, aparece como uma
interrogação, que, geralmente, se consubstancia na dúvida. E a dúvida que
persiste, constrói o vazio.
Provavelmente,
a grande falha dos pais na construção de uma relação de afeto com os filhos
reside na dificuldade de expressar o amor que, sem dúvida, eles já têm. O amor
que não se expressa na ação se assemelha a um rio congelado: continua sendo
rio, mas perde a sua função principal. Amores “congelados” não têm como atuar
dinamicamente na relação parental.
O amor será
parceiro das relações entre pais e filhos quando cumprir três funções
indispensáveis: Primeiramente, quando aceitar a imperfeição como o caminho do
desenvolvimento. Em segundo lugar, quando se expressar de uma forma paciente.
Não com aquela paciência que “tem limites”. Paciência que é paciência é
infinita. É verdade, que às vezes, nos cansamos de ser pacientes. Aí, só
teremos uma saída: descansar e continuar a nossa caminhada de paciência. Em
terceiro lugar, o amor será parceiro quando entendermos que precisamos
exercitar a boa vontade de ouvir os filhos naquilo que eles têm a dizer e não
simplesmente no que pretendemos ouvir.
Nas relações
interpessoais, se quisermos fazer parte das soluções, teremos de aceitar fazer
parte dos problemas. No grupo familiar, os problemas de um são, na realidade,
os problemas de todos. A família é a conjunção da diversidade.
Sem afeto as
relações morrem por desnutrição. Toda convivência exige daqueles que dela
participam uma expressão de afeto, que nada mais será do que uma declaração de
amor, por silenciosa que seja”.
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